Em uma era caracterizada pela velocidade e imediatismo, as dinâmicas das relações humanas estão passando por transformações significativas. As redes sociais, um dos elementos-chave desse novo cenário, desempenham um papel notável, tanto positivo quanto negativo, nas relações afetivas, sejam elas de namoro ou casamento. Recentemente, temos observado um impacto particularmente notável nas relações estabelecidas, especialmente quando se trata de indivíduos comprometidos que buscam nas redes sociais uma maneira de preencher lacunas emocionais em suas vidas.
As redes sociais podem, em muitos casos, proporcionar uma ilusão de conexão e atenção que, de outra forma, pode estar ausente na vida real. Elas oferecem um espaço onde é possível expressar pensamentos e desejos de forma instantânea e receber respostas imediatas. Isso pode alimentar a ideia de reciprocidade e interação, criando uma comunicação que perdura por algum tempo. Embora essa dinâmica não seja problemática quando se trata de pessoas que se aproximam com a intenção de encontrar um parceiro, muitas vezes, esse não é o caso. O que estamos discutindo aqui é a tendência de pessoas comprometidas a recorrer às redes sociais em busca de satisfação emocional devido a algum tipo de insatisfação interna.
Um estudo publicado na revista científica Personality and Social Psychology Bulletin revelou uma tendência interessante: “casais verdadeiramente felizes não inundam suas redes sociais com informações sobre suas vidas afetivas”. De acordo com a pesquisa, “as pessoas mais ansiosas são aquelas que tendem a compartilhar mais nas redes sociais, dependendo da avaliação dos outros”. Essa ansiedade, quando associada ao uso excessivo das redes sociais, pode influenciar negativamente a vida a dois, aumentando conflitos na relação e abrindo portas para situações de traição, desconfiança e até separação.
O aumento no uso de redes sociais pode levar a uma insatisfação crescente por parte do parceiro, que pode se tornar propenso a investigar a vida do outro. Essas plataformas permitem que as pessoas projetem uma imagem que nem sempre reflete a realidade. Isso torna mais fácil iniciar novas amizades, relacionamentos ou até mesmo casos extraconjugais. Em um relacionamento, a desconfiança não deve ter espaço, e o desejo de controlar o parceiro pode ser um sinal de que a cumplicidade necessária não está sendo cultivada.
Uma abordagem mais madura e sensível para lidar com essas questões envolve a comunicação aberta e honesta. É fundamental respeitar a individualidade do parceiro, cultivar a confiança e a segurança mútua, o que pode ajudar a reduzir discussões e conflitos. Quando existe cumplicidade, parceria e transparência, as dúvidas e desconfianças perdem espaço. O cerne do problema não reside nas redes sociais em si, mas no comportamento das pessoas que as utilizam. O ambiente virtual parece tornar-se um refúgio para insatisfações pessoais ou relacionais. No entanto, esse comportamento não leva em consideração os sentimentos do parceiro e pode agravar ainda mais os problemas. As redes sociais podem amplificar os conflitos e insatisfações, agindo como uma “lente de aumento” dos problemas de relacionamento e das insatisfações pessoais.
Reconhecer a necessidade de mudança é o primeiro passo para cultivar o respeito mútuo e a autorreflexão. Colocar-se no lugar do parceiro ajuda a compreender a importância de não fazer algo que não gostaríamos que fizessem conosco. Resolver conflitos pessoais e relacionais requer autoconhecimento e responsabilidade. Vale lembrar que a internet e as redes sociais são ferramentas que agem de acordo com a maneira como as utilizamos. Elas podem ser positivas ou negativas, dependendo do comportamento das pessoas que as acessam. Não é adequado responsabilizar essas tecnologias por incentivar a infidelidade, pois, para alguns, elas funcionam bem, enquanto, para outros, não. Vale a pena refletir sobre esse ponto.
A orientação de um psicólogo pode ser fundamental para ajudar a compreender as motivações por trás de comportamentos obscuros e o desejo de enganar o parceiro. Através desse processo de autoexploração, é possível buscar soluções que levem ao autoconhecimento e ao crescimento pessoal, contribuindo para relacionamentos mais saudáveis e equilibrados.